quarta-feira, 29 de julho de 2015

Catástrofe de elefantes na Tanzânia – “Nós recalculamos cerca de 1000 vezes porque não acreditávamos no que estávamos vendo”

A Tanzânia perdeu bruscamente dois terços da sua população de elefantes, em apenas quatro anos, escreve Aislinn Laing.


Elefantes em Ngorongoro Crater, Tanzânia. Photo: Copyright (c) 2014 Rex Features.

Publicado no The Telegraph, em 19 de Julho de 2015
Por: Aislinn Laing, Seronera, Parque Nacional do Serengeti 


Enquanto Howard Frederick voava baixo em um Cessna sobre o cerrado da reserva de Selous, na Tanzânia, o que mais o chocou, ao invés das pilhas de ossos espalhados, foi a ausência completa de elefantes no local.

A equipe que estava realizando a contagem dos animais selvagens na Tanzânia em 2013 e 2014 sabia que a caça furtiva estava se tornando um grande problema, mas nada poderia tê-los preparado para o que eles descobriram.

A Tanzania havia perdido dois terços de sua considerável população de elefantes em apenas quatro anos, pois a demanda da China por suas presas de marfim havia enviado um exército altamente organizado de criminosos portando rifles e motosserras para dentro de suas reservas.

"Eu nunca tinha visto nada parecido com isso - havia cadáveres por toda parte, vários grupos familiares inteiros, lado a lado, de três a sete animais, abatidos" disse ele ao The Telegraph.

"Voando sobre estas áreas enormes e até mesmo dirigindo por elas, costumávamos, antes, ver dezenas de enormes elefantes machos.”

"Uma sensação terrível de falta de vida vinha daquela paisagem, a qual era definida pela presença daquelas criaturas. Agora é apenas um vazio."

Cem metros abaixo dele, em um veículo de safári, o guia turístico David Guthrie estava fazendo o seu melhor para explicar aos visitantes por que ele estava dirigindo para longe dos abutres que circundavam por ali – mesmo esse sendo, geralmente, um sinal emocionante para os turistas, de que poderiam estar prestes a ver os leões em momento de caça.

"Em 17 anos de trabalho em Selous, eu tinha visto apenas duas carcaças de elefantes, mas em 2010 elas começaram a aparecer de forma numerosa e, em 2012, foi simplesmente horrível", disse ele.

"Ouvíamos tiros regularmente quando estávamos nos campings. Tínhamos elefantes machos feridos vindo até ali, tentando encontrar um lugar seguro, e morrendo debaixo das árvores.”

"Os guardas tentavam bloquear o acesso às áreas – era simplesmente uma carnificina."


Presas de elefantes caçados no sudoeste da Tanzânia.
Apesar de ter liderado o caminho para a proibição da exportação de marfim de elefante na década de 1980, a Tanzânia acabou se tornando complacente na tarefa de administrar sua vida selvagem abundante.

Com a sua reputação de capital mundial de elefantes e nomeação como Patrimônio Mundial da Unesco, Selous arrecadou cerca de US $ 9 milhões (R$ 5,8 milhões) por ano em receitas turísticas, mas o governo repassou apenas 20% desse valor para o funcionamento do parque.

O Sr. Guthrie disse que seus poucos guardas eram "impotentes e totalmente desmoralizados", trabalhando com armamento, abrigo e alimentos escassos. Os caçadores se vangloriavam por montar acampamentos em áreas nobres do parque e, em alguns casos, se mudar para os postos de vigilância.

De acordo com Howard Frederick, os caçadores furtivos trabalhavam em "equipes altamente mecanizadas", administradas por grandes organizações criminosas com base em Dar es Salaam.

“Eles formavam equipes que saiam para escoltar as áreas, em seguida, os caçadores entravam, montavam uma emboscada e matavam um grupo inteiro”, diz ele.

"Eles seguiam para a próxima área, enquanto a equipe de carniceiros chegava e picava todas as presas, e uma nova equipe entrava para realizar o transporte. A caça furtiva evoluiu de muito casual para a formação de equipes altamente organizadas."


Vista aérea de elefantes caçados na Tanzânia ocidental.
Os elefantes da Tanzânia eram um alvo óbvio.

Quando o especialista em elefantes, mundialmente renomado, Douglas-Hamilton realizou o primeiro levantamento aéreo na Tanzânia, em 1976, o país tinha 316 mil elefantes, a maior população do paquiderme do planeta.

 "Para uma pessoa que conta elefantes, era como o Everest para um alpinista," disse ele ao The Telegraph esta semana, da sua base na Reserva Nacional de Samburu, no Quênia. "Foi incrível. Uma área selvagem, imaculada, repleta de elefantes.”

Em 2013, foram realizadas várias apreensões de toneladas de marfim e foi sugerido que elas seriam originárias da Tanzânia.

Rob Muir, diretor de programação da África para a Sociedade Zoológica de Frankfurt (FZS), uma organização de vida selvagem com uma longa história no país do leste africano, disse que ficou claro que a caça furtiva - um problema identificado em toda a África – havia aumentado repentinamente em Selous, uma área com o dobro do tamanho da Bélgica.

O governo e a FZS (Sociedade Zoológica de Frankfurt) montaram uma equipe de pesquisa multinacional para determinar a gravidade do problema.

Quando o trabalho deles foi concluído, em outubro de 2013, eles ficaram devastados com os resultados.

“Nós recalculamos cerca de 1000 vezes porque não acreditávamos no que estávamos vendo”, disse Frederick.

Em Selous e no ecossistema ao redor, a população de elefantes é a menor desde que a primeira contagem foi realizada, de 109.000 em 1976, para 13.084 em 2013.

"Esse resultado foi como um chamado para percebermos como a caça furtiva havia se tornado algo sério", disse Muir. "Uma das maiores fortalezas de elefantes havia acabado de ser dizimada."

O governo da Tanzânia disse que iria reforçar a proteção da vida selvagem e aceitou várias ofertas de ajuda, incluindo dos americanos, que enviaram fuzileiros para treinar seus guardas.

Em uma conferência internacional em Londres, contra a caça furtiva, em abril do ano passado, o presidente Jakaya Kikwete disse que ele havia envolvido o serviço militar nesse tema e deu a entender que seu governo havia identificado o chefão da caça furtiva.

Mas havia ainda mais más notícias.

Paul Allen, fundador da Microsoft, adiantou-se perguntando sobre a situação dos elefantes em outros parques nacionais da África. Ele financiou um segundo levantamento que, no fim do ano passado, revelou que os caçadores, que acabaram com os elefantes em Selous, haviam mudado para Ruaha, o maior parque nacional da Tanzânia.

Em apenas um ano, entre 2013 e 2014, a população de elefantes dessa reserva despencou 60% - cerca de 1.000 elefantes por mês - para 8.200 elefantes.


Elefantes caçados na reserva de Selous, na Tanzânia.
Um importante estudo de DNA realizado com o marfim apreendido em um carregamento confirmou que 85% das presas africanas vieram de dois locais, uma pequena área da África Ocidental e da Tanzânia.

O Sr. Muir conheceu um casal em lua-de-mel em um voo, que havia gasto milhares de dólares para ver elefantes em Selous - e haviam ido embora sem encontrar um único animal.

"A mulher estava em choque e profundamente chateada", disse ele.

Iain Douglas-Hamilton disse que os elefantes, criaturas conhecidas pela sua sensibilidade, inteligência e boa memória, estavam escondidos.

"Eles se tornaram muito mais assustados, fugindo dos seres humanos e escondendo-se na vegetação mais densa, adquirindo hábitos mais noturnos", disse ele.

Em um coquetel em Dar, em junho, Lazaro Nyalandu, o ministro do Turismo, anunciou uma nova campanha de sensibilização chamada "Orgulho da Vida Selvagem", envolvendo uma ex-Miss Tanzânia e um astro do basquete.

Durante um discurso na Universidade de Cambridge, no final do mês, ele falou sobre a diminuição do número de elefantes, mas também destacou que esse número começou a subir novamente em Selous, além de falar sobre os "caminhos de sucesso para a conservação".

O governo ainda se recusa a publicar o relatório da contagem de 2014 em Ruaha, citando a falta de carcaças um empecilho para confirmar as mortes.

O Sr. Nyalandu sugeriu que o desaparecimento de 12.000 elefantes daquela reserva seja "o maior mistério da vida selvagem", e se comprometeu a enviar equipes de busca para verificar se eles haviam migrado para países vizinhos.

Os conservacionistas dizem que não há dúvida de que os elefantes foram vítimas de caçadores furtivos, mas que os seus cadáveres foram simplesmente descartados pelos caçadores antes de serem descobertos. Os números mais recentes são profundamente embaraçosos, dizem eles, especialmente depois que o Sr. Kikwete disse na conferência de Londres sobre seus esforços para interromper essa matança.

Poucos acreditam que a Tanzânia tenha tomado todas as medidas necessárias para tentar reprimir a caça furtiva.

Rob Muir acredita que a redução de elefantes já atingiu um "limiar" e não poderá diminuir ainda mais em Selous e Ruaha porque, como os turistas, os caçadores ilegais também não conseguirão encontrá-los.

Ele teme que sem esforços concentrados por parte do governo e sem a redução da demanda dos consumidores chineses, os caçadores possam mudar o foco para outros lugares, como para o Parque Nacional de Katavi, no Ocidente, ou até mesmo para a lendária Serengeti, onde a FZS está baseada em um conjunto de cabanas de estanho e cal cercadas por árvores de acácia.

Dr. Alfred Kikoti, principal especialista em elefantes da Tanzânia, disse que o ultrapassado governo do Sr. Nyalandu colabora com o problema por falta de vontade em combater as poderosas redes de corrupção da polícia e funcionários e políticos relacionados com a vida selvagem, ajudando os caçadores furtivos a operar sem nenhum impedimento.

Várias tentativas para desmantelar estas redes fracassaram.

A operação militar anunciada pelo Sr. Kikwete para diminuir os casos de caça furtiva durante a noite, para quase zero, foi interrompida após apenas um mês, por alegações sobre a violação dos direitos humanos. Pessoas envolvidas na operação disseram que os abusos foram uma forma conveniente de atrapalhar a operação: ela foi ficando muito perto de políticos sênior e de suas operações lucrativas.

Não muito tempo depois, o ministro do Turismo Khamis Kagasheki, que causou alvoroço ao entregar ao presidente uma lista secreta de políticos envolvidos na caça furtiva, foi demitido junto com três outros ministros, e a justificativa foi o fracasso da operação. A lista foi discretamente enterrada.

O Dr. Kikoti acredita que até que um novo presidente seja eleito em outubro, pouco mudará.

"Eu acho que se este governo decidir amanhã que não quer que essa situação continue, e que irá lidar com isso, aí sim será possível reverter essa diminuição na quantidade de elefantes", disse ele.

"Mas tem que vir de cima e tem que saber que ninguém está imune, caso esteja envolvido."

Ele e outros grupos de proteção da vida selvagem irão dedicar os próximos três meses para conseguir que o candidato do partido no poder, John Magufuli, pessoa adequada para a função, abrace essa causa.

Para o Dr. Kikoti, isso significa disponibilizar uma força-tarefa militar para cada parque e reserva, além de colocar um ponto final nas nomeações políticas para os cargos de autoridades relacionados à vida selvagem, definir penas mais duras e instaurar mais processos para os caçadores e, criteriosamente, passar a mensagem de que não haverá nenhum “intocável” na luta para salvar os elefantes da Tanzânia.

"Eu realmente espero que este novo representante faça a diferença, ele se tornará o presidente da selva", disse ele. "Ele deve lutar por nossa vida selvagem, e prometeu que vai."

Link para o artigo original.

Traduzido por Paula Duque Bertasi. Revisão: João Paiva, Teca Franco, Junia Machado. Edição: Junia Machado.



terça-feira, 28 de julho de 2015

Salve o Elefante

Há cerca de 100 elefantes nesta foto. É essa a quantidade 
de elefantes massacrados a cada 24 horas na África, 
pelas taxas atuais.

Tyler Hicks/The New York Times
Ou podemos dizer que um elefante é morto 
a cada 14 minutos. 


Salve o Elefante
Por LYDIA MILLET, 26 de Julho de 2015, The New York Times

MAIS de dois milhões de anos atrás, os mamutes e os elefantes asiáticos tomaram caminhos evolutivos diferentes — e na mesma ocasião, de acordo com pesquisas de DNA, o mesmo ocorreu com seus parentes na África. Por muito tempo, os elefantes na África eram considerados como se pertencessem a uma única espécie, mas uma massa crítica de estudos genéticos agora prova que são duas.

Você poderia dizer que as duas espécies— elefantes da “floresta” e elefantes da “savana”— são diferentes apenas ao observá-las com cuidado, mas até 2010 faltavam evidências genéticas. Os elefantes da floresta são muito menores, pesam metade do peso dos elefantes da savana e se desenvolveram nas florestas tropicais da África Central e Ocidental; suas orelhas são mais arredondadas do que as de seus primos e têm presas mais retas. Os elefantes da savana, cujas orelhas são mais triangulares e cujas presas são mais espessas e curvadas, vagam pelas planícies abertas e cerrados de outras partes do vasto continente, desde a África Oriental até a África Austral, onde são mais abundantes. Em termos genéticos, as duas espécies são tão diferentes uma da outra, como são os leões dos tigres.

Durante a última década, emergiu um forte consenso científico sobre a biologia dos elefantes. Então, em junho, o Centro para a Diversidade Biológica, onde trabalho, preencheu uma petição, endereçada à United States Fish and Wildlife Service pedindo a reclassificação dos elefantes africanos em duas espécies diferentes e a inclusão de ambas como “endangered" (em perigo de extinção) no Endangered Species Act.

Pode parecer estranho que os Estados Unidos dê alguma classificação legal a todos os animais de outros países, mas a verdade é que a proteção americana de animais ou plantas “estrangeiros”  sob o poderoso Endangered Species Act pode trazer benefícios palpáveis a essas espécies, incluindo impedir que suas partes sejam vendidas nos Estados Unidos e impedindo nosso governo de sancionar ou pagar por ações que machuquem os animais. Isso também pode prover fundos para pesquisas e educação.

A questão entre uma contra duas espécies de elefantes africanos não é definir um enigmático argumento de DNA; é sobre a vida e a morte dessas extraordinárias criaturas. Sem elefantes, a paisagem da África ficaria irreconhecível, ainda que esses animais tenham declinado em centenas de milhares devido a duas enormes ondas de caça neste século - uma nas décadas de 1970 e 1980 e a outra com início em 2009 e ainda em curso. Se o ponto central da petição for atendido, pode ser a salvação. 

Aqui está como. Agora mesmo,  as duas espécies de elefantes africanos são protegidas sob o Endangered Species Act apenas como “threatened” (ameaçadas) — uma proteção menor que “endangered” (em perigo). O que “endangered” significa para os elefantes, ou para qualquer outro animal ou planta, é simples: não há muitos remanescentes, então a espécie corre risco de ser extinta. Reconhecer o fato de que os elefantes africanos pertencem a duas espécies distintas revela os verdadeiros números muito baixos — com relação a quantidades históricas — de cada uma delas. Ao invés de olharmos para meio milhão de elefantes remanescentes, é como se estivéssemos olhando para 100.000 (e possivelmente menos de 50.000) elefantes da floresta sobrevivendo no mundo e cerca de 400.000 elefantes da savana. É importante entender, entretanto, que os números reais podem ser ainda muito menores, já que elefantes são notavelmente difíceis de serem contados.

Populações de ambas as espécies estão em queda livre, enquanto o frenesi da caça impulsiona a matança e o massacre, para obtenção de suas presas, de dezenas de milhares de elefantes a cada ano. O número de elefantes africanos da floresta na África Central declinou 62 porcento em menos de uma década,  devastados por um coquetel mortal de caça ilegal, perda de habitat e guerra civil, fazendo com que seja a espécie mais ameaçada das duas. As populações de elefantes africanos da savana também tiveram um declínio significativo nos países onde vivem, com uma devastação maior na Tanzania, onde uma das maiores populações de elefantes — 109.000 animais — caiu para apenas 43.000 em apenas cinco anos, entre 2009 e 2014.

Se os EUA reconhecerem e protegerem as duas espécies, a International Union for Conservation of Nature e a CITES, o tratado que regulamenta  o comércio global da vida selvagem, podem dar o mesmo passo, trazendo uma nova e necessária ajuda para a populações em mais alto risco de elefantes.

Listá-los como “endangered” (em perigo) também afunilaria ainda mais as restrições para importar, exportar e vender produtos de marfim, a partir e dentro dos Estados Unidos. Depois da  China, os Estados Unidos é o segundo maior mercado de marfim, com o comércio legal de antiguidades de marfim sendo usado para acobertar o comércio ilegal de marfim novo. No mês passado, um oficial sênior de vida selvagem da China prometeu colocar um fim no comércio de marfim no país se os Estados Unidos fizerem o mesmo. 

Isso significa que a ação americana de reclassificar os elefantes africanos poderia transformar o modo como as duas maiores economias do planeta — que também são as duas nações que mais consomem marfim — estão lidando com a crise do massacre dos elefantes. 

Temos que agir agora, antes que seja tarde demais.


Link para o artigo original

Traduzido por Junia Machado. Revisão: João Paiva, Teca Franco. Edição: Junia Machado.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Fatos & Números



A matriarca Grace e alguns membros de sua família. (C) ElephantVoices

Com base no nosso conhecimento, listamos abaixo alguns fatos e números sobre as três espécies de elefantes existentes. Os dados relativos à população de elefantes são estimados - em parte devido a lacunas existentes nos relatórios das contagens confiáveis. Se você tiver qualquer informação para nos ajudar a preencher essas lacunas, por favor, avise-nos!

Elefantes africanos da savana (C) ElephantVoices


Elefante africano da floresta (C) Michael Nichols
Elefantes asiáticos (C) EephantVoices

A evidência genética apresentada em 2001 levou a aceitação da decisão de que a África é o lar de duas espécies de elefantes, e não uma: o elefante africano da savana, Loxodonta africana, e o elefante africano da floresta, Loxodonta cyclotis. Esta constatação é muito importante pois mostra que restam muito menos elefantes de cada espécie individualmente, sendo o elefante africano da floresta o mais ameaçado de extinção. Atualmente a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais) não considera essa decisão.

Ele phant – Grande Arco

É o maior mamífero terrestre do planeta.

Dividem-se em 3 espécies:
- Elefante africano da savana – Loxodonta africana
- Elefante africano da floresta – Loxodonta cyclotis
- Elefante asiático – Elephas maximus

São encontrados em 37 países da África e em 13 países da Ásia (2013). Antes eram encontrados em extensões contínuas através dos continentes, mas agora vivem em regiões cada vez mais fragmentadas.

São extremamente adaptáveis.

Seu tempo de vida máximo é de, aproximadamente, 70 anos.

O peso do seu cérebro varia de 4 a 6Kg – o maior de todos os mamíferos terrestres (vivos e extintos).

Como os seres humanos, são capazes de fazer e utilizar ferramentas, e mostram evidências de aprendizagem social.

Possuem avançada comunicação acústica, visual, química e tátil.

Possuem a habilidade de se comunicar e manter contato em longas distâncias com outros elefantes, usando sinais de comunicação sísmica, que absorvem através das suas patas.

São capazes de identificar as vozes de, pelo menos, outros 100 elefantes.

A tromba é uma mistura de lábio superior e nariz alongado, pesando mais de 140 Kg. É capaz de pegar um canudo, derrubar uma árvore e afastar um enorme tronco, tocar membros da família com ternura, jorrar 12 litros de água na própria boca e detectar cheiros a quilômetros de distância.

As presas são incisivos alongados. Os marfins são cobiçados pelos seres humanos por dezenas de milhares de anos com impacto duradouro na arte e na cultura.

A pele possui espessura maior de 32 mm em algumas regiões, e em outras, possui espessura próxima de uma folha de papel.

As fêmeas podem dar a luz a até 12 descendentes.

A quantidade de alimento ingerido por dia varia de 4 a 7% do seu peso corporal. 

Sua alimentação inclui grama, ervas, folhas de árvores, frutas, cascas externas e internas e lianes.

O intervalo entre as gestações varia de 4 a 6 anos.

A gestação dura, aproximadamente, 660 dias.

A idade da primeira reprodução varia de 8 a 15 anos.

A idade do primeiro cio dos machos, chamado de musth, varia de 15 a 28 anos.

Sua unidade social básica é a família, incluindo a mãe e as crias que ainda estejam sexualmente imaturas.

Vivem em uma sociedade de cisão-fusão complexa, que se separa e se reúne de acordo com as condições climáticas e a disponibilidade de alimentos.

As famílias são lideradas pelas matriarcas, que armazenam décadas de conhecimento ecológico fundamental para a sobrevivência da unidade familiar e seus membros, em situações de seca, ataque de predadores e outras ameaças.

Tendem a ter laços sociais de longa duração ou por toda a vida.

Demonstram complexidade sócio-emocional, como empatia e auto-reconhecimento.

Demonstram preocupação com elefantes que apresentam problemas ou estão morrendo, não restrito a apenas seus parentes.





Link para página em Inglês da ElephantVoices

Traduzido por Paula Duque Bertasi. Revisão: João Paiva, Teca Franco, Junia Machado. Edição: Junia Machado.

terça-feira, 9 de junho de 2015

População de elefantes na Tanzânia declina 60% em cinco anos, revela censo


Publicado no The Guardian, em 2 de junho de 2015
Por: Karl Mathiesen 

Dados do governo mostram a escalada industrial da caça por marfim, com queda do número de elefantes na Tanzânia, de 109.051, em 2009, para 43.330, em 2014.


Manada de elefantes caminha sob as primeiras luzes do dia, em frente ao 
Monte Kilimanjaro, a mais alta montanha da África. Cerca de 85.000 elefantes foram 
mortos na Tanzânia nos últimos cinco anos. Fotografia: Ben Curtis/AP

A Tanzânia emergiu como epicentro da crise de caça ilegal a elefantes na África, depois que um censo do governo revelou que o país perdeu “catastróficos” 60% de seus elefantes em apenas cinco anos. 

Os resultados pressionarão um governo que tem sido duramente criticado por sua inabilidade em brecar o intenso fluxo de marfim de elefantes caçados ilegalmente em seus parques nacionais.

A população de elefantes na Tanzânia é uma das maiores do continente. Entretanto, os dados divulgados na segunda-feira passada pelo governo mostram que, entre 2009 e 2014, o número caiu de 109.051 para 43.330. Considerando a taxa de natalidade de 5%, o número de elefantes mortos é de 85.181.

O censo da Tanzânia revela um declínio de elefantes na África muito maior que aquele reportado em Moçambique nas últimas semanas (que apontou uma perda de metade dos elefantes do país para a caça ilegal, em cinco anos, de 20.000 para 10.300).

O ministro de Recursos Naturais e Turismo da Tanzânia, Lazaro Nyalandu, afirmou que a situação “não surpreende”. 

“É evidente que a população de elefantes na Tanzânia baixou a um nível nunca visto antes”, disse ele. Os guarda-parques da Tanzânia podem receber treinamento paramilitar como parte do plano de ação do governo para combater a caça ilegal, que ele identifica como “provável razão” para o declínio.

John Scanlon, secretário geral da Cites, autoridade das Nações Unidas que supervisiona o comércio de espécies ameaçadas, disse: “Esses números reforçam nossa grave preocupação com a escalada, na Tanzânia, da caça aos elefantes, para extração do marfim, e com as rotas de tráfico através de Dar es Salaam e portos vizinhos.”

Steven Broad, diretor executivo do Traffic, órgão que monitora o comércio de vida selvagem, disse: “ É incrível como a caça ilegal em tamanha escala industrial não tenha sido enfrentada ainda.” 

Segundo o Traffic, os números eram “catastróficos” mas coerentes com as observações do fluxo de marfim para fora do país. Desde 2009, pelo menos 45 toneladas chegaram ao mercado negro internacional através da Tanzânia, fazendo o país ser considerado a principal fonte de marfim proveniente da caça ilegal.

As perdas não foram uniformes e foram piores nos ecossistemas de Ruaha-Rungwa, Malagarasi- Muyovosi, e Selous-Mikume, que perderam mais de dois terços de seus elefantes. Nessas reservas, a “proporção de carcaças”, número usado para avaliar as taxas de mortes dentro de populações, indicaram que elefantes estavam morrendo quatro vezes mais do que o normal. 

Existiam mais de 34.000 elefantes em Ruaha - Rungwa em 2009. O número caiu para 20.000 em 2013 e, em 2014, para apenas 8.000. Nyalandu disse que o declínio em Ruaha - Rungwa era “alarmante”.

Carlos Drew, diretor do programa de espécies globais do WWF, disse que o desaparecimento de tantos elefantes em Ruaha - Rungwa só pode ser explicado pelo envolvimento de gangues internacionais que industrializaram a matança da megafauna africana.

“A chacina de milhares de elefantes em Ruaha - Rungwa mostra claramente o envolvimento do crime organizado internacional, incrementado pela corrupção e pela fraca aplicação das leis na Tanzânia, e a urgente necessidade de aumentar os esforços para enfrentar a epidemia de caça ilegal, antes que as manadas de elefantes remanescentes nessa área sejam destruídas”, disse ele.


Na reserva de Selous, que foi identificada anteriormente como uma área intensa de caça ilegal, os números caíram de 45.000 para 15.000. Ano passado, a Unesco incluiu o Selous como Patrimônio da Humanidade na Lista de Perigo. 

Pilha de 15 toneladas de marfim apreendido é preparada 
para ser queimada no Parque Nacional de Nairobi, 
no Quênia, em 3 de Março de 2015.

Crise de caça a elefantes não melhora, um ano após compromisso mundial. Leia mais. 

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Tradução: Ana Zinger e Junia Machado; Revisão: João Paiva, Teca Franco, Junia Machado. Edição: Junia Machado.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Elefantes bebês aguardam seu destino, enquanto a África procura salvar a espécie


Publicado na National Geographic em 27 de Março de 2015
Por Paul Steyn


O mundo está perdendo a guerra contra a caça ilegal de elefantes por causa do mercado de marfim. Essa foi a descoberta crucial no encontro de cúpula em Botsuana, a respeito do comércio de elefantes e da vida selvagem.

Este jovem macho que definha no zoo de Taiyuan, na China, foi importado do Zimbábue em 2012. Tom de Meulenaer, cientista chefe do Secretariado da CITES, afirma que capturar elefantes selvagens e vendê-los para outros países é  "um problema de bem-estar". (Fotografia: cortesia da China Zoo Watch)

Kasane, Botsuana Em relação ao comércio de elefantes selvagens, o Zimbábue está “aberto a fazer negócio com o mundo inteiro”, disse Saviour Kasukuwere, ministro do Meio Ambiente, Água e Clima do país, numa entrevista exclusiva para a National Geographic.

Kasukuwere, que compareceu, junto com representantes de outros países, à Reunião de Cúpula para os Elefantes Africanos, em Botsuana, em 23 de março, seguida pela Conferência Sobre o Comércio Ilegal de Vida Selvagem, em 25 de março, respondia à pergunta sobre o plano do Zimbábue de exportar elefantes bebês africanos mantidos em cativeiro no Parque Nacional de Hwange (veja: "Imagens reveladas: a situação dos bebês eelfantes capturados no Zimbábue) . 

Embora essa questão não estivesse na agenda dos dois encontros, que tinham a intenção de discutir o progresso feito para deter o comércio ilegal de marfim e espécies ameaçadas e fazer recomendações para ações futuras, ela foi o “elefante na sala”, enquanto os representantes discutiam as implicações morais e políticas de vender elefantes selvagens para o exterior.

Kasukuwere assegurou que os bebês de Hwange não são para exportação e serão mandados para outras regiões do país para equilibrar as populações de elefantes do Zimbábue.

“Isso é normal”, disse ele. “Transferimos animais de uma área com alta concentração para áreas de baixa. Vez ou outra capturamos esses animais para tentar equilibrar as populações.” 

De acordo com um documento publicado pelo Ministério do Meio Ambiente, Água e Clima sob o título “A Posição do Zimbábue em Relação a Vendas de Elefantes e Outras Espécies de Vida Selvagem Vivos”, o Parque Nacional de Hwange tem 54.000 elefantes, 40.000 a mais do que o parque nacional pode suportar.

Esta manada de elefantes vive no Parque Nacional de Chobe, no Botsuana, perto de Kasane, onde os representantes se reuniram para discutir o destino da espécie. (Fotografia: Karine Aigner, 
NATIONAL GEOGRAPHIC CREATIVE)

Os últimos números do Elephant Database (Banco de Dados de Elefantes) – um website que mostra dados atuais das populações de elefantes no continente africano – estabelecem a população de Hwange em 34.000, segundo o censo de 2007.

“Nós temos muitos”, disse Kasukuwere. “Se você quiser alguns em Londres, por favor, nos diga. 

Nós somos obrigados a usar nossos recursos naturais de uma maneira sustentável, para podermos financiar o custo de manutenção da nossa equipe, que tem o dever de proteger os elefantes e a vida selvagem.”

O ministro deixou claro que o Zimbábue “não vendeu nenhum elefante ainda”.

A caça ilegal não diminuiu. Ainda cai o número de elefantes.

Na Reunião de Cúpula para os Elefantes Africanos, representantes da CITES apresentaram estatísticas do seu programa Monitoring the Ilegal Killing of Elephants MIKE (Monitoramento da Matança Ilegal de Elefantes), mostrando que os números da caça ilegal entre 2013 e 2014 não mudaram. (veja: 100 mil elefantes mortos por caçadores ilegais em apenas três anos)

O programa MIKE avalia os níveis relativos de caça ilegal com base na proporção de elefantes mortos ilegalmente, que é calculada através do número de elefantes mortos encontrados, dividido pelo número total de carcaças de elefantes encontradas por patrulhas ou outros meios, agregados por um ano, em cada localidade.

Segundo os representantes da CITES, as populações de elefantes na África devem chegar a um número de 434.000 indivíduos, com base nas estimativas de 2012. Mas, ao se levar em consideração os altos níveis da caça ilegal dos últimos três anos, esse número pode ser bem menor, uma vez que a mortandade ultrapassou a natalidade.

“Claramente, ainda estamos encarando uma crise”, disse à National Geographic o cientista-chefe do Secretariado da CITES, Tom de Meulenaer. “Não vencemos a batalha pelos elefantes. Os números da caça ilegal estagnaram num nível altíssimo em 2014, comparado a 2013.”

“Ao mesmo tempo, existem sinais de que estamos caminhando para uma melhor situação para os elefantes. Há indicações de que o cumprimento da lei – e existe um grande e sério esforço para o cumprimento da lei em diversos países – está começando a ter efeito”, disse de Meulenaer.

“Claramente, ainda estamos encarando uma crise. Não vencemos a batalha pelos elefantes”

Tom de Meulenaer, cientista-chefe da CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas da Fauna e Flora Selvagens)

“Existe um esforço atual de comunicação com aqueles que investem no marfim ilegal na Ásia, especialmente a China, para que mudem de ideia. Essas pessoas sabem exatamente o que estão fazendo”. (leia sobre o mercado de marfim na China).

Mas Tshekedi Khama, ministro do Meio Ambiente, Vida Selvagem e Turismo de Botsuana e  anfitrião dos encontros em Kasane, culpou a corrupção e a falta de vontade política pelo flagelo contínuo da caça ilegal na África.

A população de elefantes em Botsuana – ainda robusta e estimada em 130.000 – por enquanto não foi atingida seriamente pela caça ilegal.

“A África tem que dizer NÃO”, disse Khama. “É nossa responsabilidade dizer NÃO. Mas, enquanto existir corrupção, levará mais tempo do que gostaríamos.”

Ele também levantou a questão da alta demanda na China. “O tipo de participação que queremos da China é o de eliminar qualquer venda de marfim. Uma vez retirado do mercado, o problema está resolvido”, disse ele.

“Queremos pegar os chefes”

O segundo encontro em Kasane, a Conferência Sobre o Comercio Ilegal de Vida Selvagem, deu seguimento à Declaração de Londres de 2014, da qual 46 países participaram. 

A Declaração de Kasane, com a participação de 32 países, inclusive a China e o Vietnã, reconhece o esforço realizado por governos para implementar as medidas discutidas em Londres, mas afirma que muito mais precisa ser feito.

“Este ano estamos determinados a encarar os crimes financeiros e a lavagem de dinheiro associados ao tráfico ilegal de vida selvagem”, disse o Lord de Mauley, ministro do Meio Ambiente, Alimentos e Questões Rurais da Grã-Bretanha, numa conferência de imprensa depois do encontro.

“Nós queremos pegar os chefes envolvidos, não apenas os caçadores ilegais. Temos que chegar aos cérebros desse comércio pernicioso.”

De Mauley realçou os esforços renovados de infiltração nas redes de transportes que movem os produtos pelo mundo. (Leia sobre estancar o comércio de marfim na Ásia através de portos de embarque).

“Existe uma operação criada pelo príncipe William, que irá engajar as companhias de transporte – particularmente as companhias aéreas e marinhas – que são crucialmente importantes.”

Países africanos também irão devotar mais atenção à necessidade de beneficiar pessoas nas áreas onde ocorre a caça ilegal, ele disse. “Dar às pessoas um motivo para apoiar a luta contra a caça ilegal, em vez de precisarem dela para sobreviver.”

Este jovem elefante, separado de sua mãe no Parque Nacional de Hwange, faz parte do grupo que está sendo mantido lá, possivelmente para ser embarcado a outro país, ou movido para outra área do Zimbábue. (Fotografia: cortesia de Elephants DC)

Críticos de conferências de alto nivel, como a de Kasane, dizem que só um pouco mais do que promessas são alcançadas por alguns Estados participantes.
Mas Khama enfatizou que ficar sentado discutindo e observando “não está na agenda. Temos que manter a pressão”.

“Não vamos analisar os progressos apenas uma vez por ano”, disse ele. “Temos que ter uma inspeção contínua para ver como estamos agindo e realizando.”

Realizar significa ser capaz de mirar um declínio na matança de elefantes de 2015 em diante.

Uma das maneiras de atingir isso é incentivar o turismo da vida selvagem que irá gerar empregos e possibilitar uma renda para que as pessoas não precisem recorrer à caça ilegal – especialmente num país como o Zimbábue, que ainda tem milhares de elefantes (leia: "Zimbábue planeja aumentar a venda de elefantes, afirma fonte").

“Visitantes vão bater os pés”

Numa entrevista depois dos encontros, Bill Travers, presidente da Born Free Foundation, uma organização global de conservação, disse que, se o Zimbábue continuar com esse plano de vender animais selvagens, ele pode perder muito mais do que alguns elefantes.
“Visitantes vão, na minha opinião, bater os pés e escolher não visitar os parques nacionais do Zimbábue, o que causará mais dano do que a injeção de dinheiro a curto prazo esperada pelo governo”, ele disse.

“Eu acho que o governo está começando a perceber que, seja qual for a renda, o custo para a imagem do Zimbábue será alto, e o objetivo de reativar o turismo ficará severamente comprometido”, disse Tom Milliken, líder do Programa de Elefantes e Rinocerontes do grupo TRAFFIC, que monitora o comércio da vida selvagem, durante uma entrevista depois da conferência. 

“Não vamos exportar nossos elefantes para lugares onde não são naturalmente encontrados”

Tshekedi Khama, Ministro do Meio Ambiente, Vida Selvagem e Turismo do Botsuana.

Milliken, que mora no Zimbábue, acrescentou: “Estava em Hwange outro dia e tentei conversar com a equipe do parque, mas ninguém quer conversar sobre os bebês capturados.”

Milliken diz que a captura dos elefantes bebês e o seu contínuo isolamento das manadas e confinamento no parque de Hwange, “são uma série de eventos horrorosos. Acho que vamos nos arrepender profundamente”.

De Meulenaer, da CITES, diz que a captura de alguns elefantes selvagens para o comércio legal é uma questão de ética.

“É uma questão de bem-estar, não de conservação”, ele disse numa entrevista do lado de fora do encontro de cúpula pelos elefantes.

O Zimbábue está abrindo um precedente?

Há uma preocupação, principalmente entre ativistas e ONGs, de que o Zimbábue possa estar abrindo um precedente na África que pode incitar outros países africanos a vender elefantes para o estrangeiro. (descubra por quê é tão difícil parar com a exportação de bebês elefantes no Zimbábue).

O ministro Khama disse que Botsuana é terminantemente contra.

“Nós sabemos o que os nossos vizinhos estão fazendo. Gostamos disso? Não! Nós não gostamos disso. Eu certamente não ouvi nenhum outro país pensando na mesma linha.”

“Nós não exportaremos nenhum elefante para lugares onde não são naturalmente encontrados”, Khama continuou. “Por que motivo eu iria submeter uma espécie que vive livre e selvagem a viver confinada em zoológicos? Isso não vai acontecer.”


Tradução: Ana Zinger; Revisão: João Paiva, Teca Franco, Junia Machado. Edição: Junia Machado.

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