segunda-feira, 30 de março de 2015

‘Elefantes africanos estão a caminho da extinção’, ouvem os governantes da reunião de cúpula em Botsuana

Publicado pela DW - Deutsche Welle em 23 de Março de 2015.

A Reunião de Cúpula sobre os Elefantes Africanos, envolvendo 20 nações, começou em Botsuana com alertas renovados de que a população do maior mamífero terrestre está caindo dramaticamente. Caçadores suprem ilegalmente a Ásia, particularmente a China, com marfim. 


A conferência realizada num resort em Kasane, Botsuana, foi informada de que a caça ilegal dos elefantes africanos é insustentável, com mais de 100.000 mortos nos últimos quatro anos.

O número atual de elefantes, em todo o continente africano, está em torno de 420.000.  O pesquisador Dune Ives disse que, nesse ritmo, “a espécie pode ser extinta em uma ou duas décadas”.

O maior declínio ocorreu na África Oriental, onde os números caíram para 100.000. 

A abertura de reunião de cúpula coincidiu com a notícia vinda de Kinshasa de que 30 elefantes foram mortos por caçadores ilegais nas últimas duas semanas no Parque Nacional de Garamba, na região nordeste da República Democrática do Congo.

‘Assegurando comprometimentos’

O porta-voz do Ministério do Meio Ambiente de Botsuana, Elias Magosi, disse que o objetivo da reunião de cúpula – uma continuação da conferência de 2013 – é  assegurar comprometimentos “em altos níveis para efetivamente proteger os elefantes”

Magosi disse que os sindicatos de marfim se aproveitaram de conflitos, instabilidade social e governos débeis para suprir o mercado ilegal de marfim.

O grupo TRAFFIC, que monitora o comércio de vida selvagem, disse que o marfim certamente escoa do Quênia e da Tanzânia para países de trânsito, como Malásia, Vietnã e Filipinas, antes de chegar a China e Tailândia para ser vendido.

Na última sexta-feira, autoridades da Etiópia procuraram desencorajar a caça ilegal ateando fogo a seis toneladas de presas e badulaques de marfim confiscados ao longo dos últimos 20 anos.

O comércio de marfim está levando os elefantes à extinção.

Nos anos 70, a Etiópia tinha mais de 15.000 elefantes. Atualmente, restam 1.900. 

O Quênia e o Gabão também destruíram recentemente estoques de marfim.

No mês passado, a China impôs um ano de proibição nas importações de marfim, enquanto a Tailândia está sob pressão para seguir o pedido da CITES, ou Convention on International Trade in Endangered Species (convenção que regulariza o comércio de espécies ameaçadas).

O quilo do marfim atualmente é vendido a US$ 100 (92 euros ou 324 reais) por caçadores ilegais. Na China, ele é vendido por US$ 2.100 (1.927 euros ou 6.807 reais).

Elo entre a pobreza e a caça ilegal

Julian Blanc, especialista da CITES, disse que uma maneira de lidar com a caça ilegal é reduzir a pobreza humana “significativamente”. 

“Nós monitoramos uma relação direta entre a mortalidade infantil (uma medida de pobreza) em níveis distritais com os níveis da caça ilegal”, disse ele. 
“Em lugares onde há um alto nível de mortalidade infantil e pobreza, monitoramos um maior nível de caça ilegal aos elefantes”, disse Blanc.

Na África do Sul e em Botsuana, os elefantes sobrevivem melhor do que mais ao norte da África, pela simples questão de que, naqueles países, os caçadores ilegais se concentram em matar rinocerontes. 

A proteção dos rinocerontes também será um alvo importante da agenda da reunião de cúpula em Botsuana.

ipj/jr (AFP, dpa, AP)

Tradução: Ana Zinger; Revisão: João Paiva, Teca Franco, Junia Machado.


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