terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Elefantes têm Vida Longa

Elefantes são mamíferos que crescem devagar e vivem cerca de 70 anos, na natureza. A longevidade de um indivíduo e seu sucesso reprodutivo caminham juntos. Fêmeas mais velhas têm mais êxito em criar seus filhotes do que as fêmeas mais jovens, e machos mais velhos são os reprodutores principais.

Mr. Nick, elefante do Parque Nacional do Amboseli, nascido em 1957 (©ElephantVoices)

Esses indivíduos mais velhos e mais experientes são frequentemente alvos de caçadores de marfim e daqueles que praticam a caça esportiva, por causa de suas presas, que são geralmente maiores, e a perda desses indivíduos pode ter sérias consequências. Elefantes dependem de membros mais velhos para que possam adquirir conhecimento social e ecológico, assim como habilidades de liderança, e famílias inteiras e até mesmo populações podem ser prejudicadas pela perda de alguns poucos indivíduos-chave.

Fêmeas mais velhas são repositórios de conhecimento social

Ao longo de sua vida, o elefante precisa se adaptar constantemente a flutuações ambientais e a mudanças no seu mundo social. A aquisição e retenção de conhecimento ao longo da vida parece ser essencial para a sobrevivência de um indivíduo e para seu sucesso reprodutivo, assim como para o desenvolvimento da complexidade social e da comunicação do elefante. A longevidade também proporciona um ambiente que permite o desenvolvimento de fortes laços entre indivíduos de uma família.

Elefantes fêmeas passam suas vidas cercadas de outras famílias e são envolvidas em vários níveis de relacionamentos competitivos e colaborativos. Durante suas longas vidas, elefantes percorrem grandes distâncias, comem uma enorme variedade de plantas, interagem com um vasto número de outros elefantes e ganham muitas experiências valiosas. O avanço da idade entre as fêmeas está associado a um aumento de conhecimento social e ecológico e a habilidades discriminatórias. Fêmeas idosas mantêm seu lugar como líderes ou matriarcas de sua família na estrutura social feminina. Assim, fêmeas mais velhas são repositórios de conhecimento social e ecológico, influindo na sobrevivência e no sucesso de suas famílias.

Grace, matriarca do Parque Nacional do Amboseli, no Quênia, nascida em 1950 (©ElephantVoices)

Elefantes parecem confiar no melhor discernimento das fêmeas mais velhas: filhotes de fêmeas jovens passam um tempo significativo na companhia de suas avós; membros da família correm para as fêmeas mais idosas, em caso de perigo real; e grupos liderados por jovens matriarcas procuram se associar a famílias com líderes mais velhas.

Uma vida longa e uma maturação lenta estão correlacionadas e são como que pré-condições necessárias ao desenvolvimento da complexidade social e de um cérebro grande. Com um grande e complexo cérebro e uma boa memória, experiências aprendidas e complexidade social se multiplicam durante a longa vida dos elefantes. Fêmeas idosas, com um maior conhecimento social e ecológico, têm papéis sociais diferentes das fêmeas mais jovens. O aprendizado que sustenta a transmissão de tradições culturais ocorre no contexto de sucessivas gerações de animais que passam a maior parte de seu tempo juntos.

A longevidade é a chave do sucesso reprodutivo

O sucesso reprodutivo está diretamente relacionado à longevidade. Machos chegam ao auge da reprodução entre 40 e 55 anos de idade e continuam sexualmente ativos aos 60 anos, tendo o mesmo número de filhotes de um macho de 40 anos de idade.

Machos precisam de tamanho, força e experiência para acasalar com sucesso. A cópula é bastante complicada para os machos, e montar a fêmea é uma atividade que requer experiência. Um macho deve aprender a técnica apropriada, para poder manipular um pênis comprido, curvo e móvel. O trato reprodutivo da fêmea também é longo e curvo, e um macho precisa primeiramente montar a fêmea e depois posicionar seu pênis corretamente enquanto a fêmea se mantém imóvel. Fêmeas preferem machos mais velhos e frequentemente recusam os mais jovens. Além disso, machos jovens têm pênis bem mais curtos, e o tamanho do pênis é provavelmente um impedimento a mais para que esses machos consigam fecundar as fêmeas com sucesso.

Adicionalmente, o posto ocupado por machos que não se encontram no cio é determinado por força e tamanho. Um macho de 15 anos pesa a metade de um macho de 40. Machos grandes frequentemente desbancam os jovens quando estão competindo por uma fêmea no cio. Se um macho jovem tem a sorte de montar uma fêmea, provavelmente ele será forçado a desmontar ou será empurrado! Machos no cio ocupam um posto superior a todos os que não estão e, por esta razão, conseguem um número maior de acasalamentos. Machos jovens precisam equilibrar a energia  para o seu crescimento com os recursos necessários para sustentar períodos de cio. Machos mais velhos têm a vantagem de não estarem crescendo tanto como os jovens e, portanto, podem direcionar mais energia em períodos de cio mais longos. Machos jovens são desbancados pelos mais velhos. Eles têm menos e menores períodos de cio, e tais períodos acontecem em épocas em que poucas fêmeas entram no cio.

Machos só começam a reproduzir regularmente aos 40 anos, idade em que 75% dos machos já morreram. A idade avançada está associada a corpos mais avantajados, maior massa corporal e experiência. Machos mais velhos no cio são pais de três quartos dos filhotes. A longevidade dá suporte tanto à manutenção da estratégia do cio quanto ao completo sucesso reprodutivo dos machos.

Machos que chegam a uma idade avançada ocupam um posto muito superior ao de outros e, quando no cio, geram muitos filhotes e passam seus genes para gerações futuras. Dionysus, por exemplo, foi um macho de Amboseli que morreu aos 63 anos de idade. Ele era incomum porque foi um dos poucos machos a escapar da matança epidêmica dos anos 1970, que abasteceu, na época, o mercado de marfim.  Ele foi um dos maiores machos e ocupou um alto posto na população dos elefantes de Amboseli por quase 30 anos. Quando Dionysus morreu, em 2003, estimou-se que 51 filhotes tinham sido gerados por ele.

Dionysus logo antes de morrer, em 2003, aos 63 anos (©ElephantVoices)

Bad Bull foi outro macho com alto sucesso reprodutivo, devido, em parte, à sua longevidade. Ele foi visto pela última vez no cio em 2002, aos 63 anos, e supõe-se que tenha gerado cerca de 62 filhotes. Aristotle teve menos sorte. Embora da mesma idade de Dionysus e Bad Bull, ele morreu mais cedo, aos 49 anos, e gerou 27 filhotes. A maioria dos machos não vive o suficiente para gerar um único filhote.

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