sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

2011: número recorde de elefantes mortos para abastecimento do mercado ilegal de marfim

Foi um ano triste e ruim para todos aqueles que têm acompanhado de perto a escalada da caça ilegal entre muitas populações de elefantes. Notícias de elefantes abatidos e carregamentos de marfim apreendidos foram manchete com frequência durante o ano. Educação e reforço das leis na Ásia são vitais para reduzir as mortes e o trauma. A pobreza e a corrupção nos países em que vivem os elefantes também não colaboram. A China pode assumir a liderança na luta contra a explosão da caça ilegal - se quiser. Será que fará isso?

Leia a notícia completa no Estadão e assista à reportagem da BBC.


Família de elefantes em Naboisho Conservancy, Quênia (© Junia Machado and ElephantVoices)

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Escolha seu elefante do Mara para 2012!

Com fotografias dos elefantes de Maasai Mara, no Quênia, feitas por pessoas do mundo todo, chegamos a 750 elefantes adultos descritos e registrados em um banco de dados on-line e disponível para pesquisas: o “Mara Elephants Who’s Who” (ou “Quem é quem entre os elefantes de Maasai Mara”). Esse banco de dados é uma das ferramentas do projeto Elephant Partners.

Através desse projeto, cada elefante de Maasai Mara é registrado com um código numérico. Agora você pode contribuir com o Elephant Partners e com a proteção dos elefantes de Maasai Mara dando nome a um elefante.

Nomear elefantes ajuda as pessoas a saberem quem é quem e cria laços emocionais com eles. Dando possibilidade às pessoas de nomeá-los, esperamos reunir uma comunidade que se importa com os elefantes de Maasai Mara  - formada por pessoas que moram em Maasai Mara e contribuem com seu monitoramento e proteção, e outras que vivem em lugares distantes, cujas importantes doações dão suporte ao projeto.


Pessoas não residentes em Maasai Mara: com uma doação de U$ 500,00 para o projeto, você pode dar um nome a um elefante. Programas educacionais - incluindo bolsas de estudos em escolas locais, que darão suporte aos objetivos do Elephant Partners - serão a mais alta prioridade na destinação desses recursos.

Para nomear um elefante, você deve olhar o database “Mara Elephants Who is Who” (“Quem é quem entre os elefantes de Maasai Mara”) e escolher um elefante que ainda não tenha sido nomeado. Clique em “I’d like to name this elephant” (“Gostaria de nomear este elefante”), na ficha de identificação do mesmo. Você receberá um e-mail de aprovação do nome escolhido e um link para completar o processo e fazer sua doação, que será processada de modo seguro por PayPal e irá diretamente para a iniciativa Elephant Partners.

Seu nome aparecerá no banco de dados, junto com o nome do elefante que você nomeou. E você poderá seguir “seu” elefante, checando frequentemente as observações visíveis em seu cartão de identificação, inserindo seu nome ou código, através das atualizações e observações postadas na ElephantVoices e no Elephant Partners do Facebook

A ElephantVoices tem o direito de aprovar ou declinar qualquer nome sugerido (por exemplo, se já existir). Nesse caso, você pode escolher e sugerir outro nome. A ElephantVoices não permitirá acesso a seus dados pessoais por parte de terceiros.

Kerstin Bucher, da Alemanha, foi uma das primeiras pessoas a nomear um dos elefantes de Maasai Mara: Sian. Participe também dessa iniciativa pela conservação dos elefantes de Maasai Mara, nomendo um elefante para a entrada de 2012! 

Saiba mais sobre o trabalho da ElephantVoices em 2011 em nossa eNewsletter de final de ano.

Em nome da Joyce e do Petter, diretores da ElephantVoices, desejamos paz e os  melhores votos a todas as criaturas, pequenas e grandes, em 2012!

Junia, Ana, Cris, Teca, Tiago, Mayara, Andrea, Leo, Tici e colaboradores da ElephantVoices no Brasil.



terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Elefantes têm Vida Longa

Elefantes são mamíferos que crescem devagar e vivem cerca de 70 anos, na natureza. A longevidade de um indivíduo e seu sucesso reprodutivo caminham juntos. Fêmeas mais velhas têm mais êxito em criar seus filhotes do que as fêmeas mais jovens, e machos mais velhos são os reprodutores principais.

Mr. Nick, elefante do Parque Nacional do Amboseli, nascido em 1957 (©ElephantVoices)

Esses indivíduos mais velhos e mais experientes são frequentemente alvos de caçadores de marfim e daqueles que praticam a caça esportiva, por causa de suas presas, que são geralmente maiores, e a perda desses indivíduos pode ter sérias consequências. Elefantes dependem de membros mais velhos para que possam adquirir conhecimento social e ecológico, assim como habilidades de liderança, e famílias inteiras e até mesmo populações podem ser prejudicadas pela perda de alguns poucos indivíduos-chave.

Fêmeas mais velhas são repositórios de conhecimento social

Ao longo de sua vida, o elefante precisa se adaptar constantemente a flutuações ambientais e a mudanças no seu mundo social. A aquisição e retenção de conhecimento ao longo da vida parece ser essencial para a sobrevivência de um indivíduo e para seu sucesso reprodutivo, assim como para o desenvolvimento da complexidade social e da comunicação do elefante. A longevidade também proporciona um ambiente que permite o desenvolvimento de fortes laços entre indivíduos de uma família.

Elefantes fêmeas passam suas vidas cercadas de outras famílias e são envolvidas em vários níveis de relacionamentos competitivos e colaborativos. Durante suas longas vidas, elefantes percorrem grandes distâncias, comem uma enorme variedade de plantas, interagem com um vasto número de outros elefantes e ganham muitas experiências valiosas. O avanço da idade entre as fêmeas está associado a um aumento de conhecimento social e ecológico e a habilidades discriminatórias. Fêmeas idosas mantêm seu lugar como líderes ou matriarcas de sua família na estrutura social feminina. Assim, fêmeas mais velhas são repositórios de conhecimento social e ecológico, influindo na sobrevivência e no sucesso de suas famílias.

Grace, matriarca do Parque Nacional do Amboseli, no Quênia, nascida em 1950 (©ElephantVoices)

Elefantes parecem confiar no melhor discernimento das fêmeas mais velhas: filhotes de fêmeas jovens passam um tempo significativo na companhia de suas avós; membros da família correm para as fêmeas mais idosas, em caso de perigo real; e grupos liderados por jovens matriarcas procuram se associar a famílias com líderes mais velhas.

Uma vida longa e uma maturação lenta estão correlacionadas e são como que pré-condições necessárias ao desenvolvimento da complexidade social e de um cérebro grande. Com um grande e complexo cérebro e uma boa memória, experiências aprendidas e complexidade social se multiplicam durante a longa vida dos elefantes. Fêmeas idosas, com um maior conhecimento social e ecológico, têm papéis sociais diferentes das fêmeas mais jovens. O aprendizado que sustenta a transmissão de tradições culturais ocorre no contexto de sucessivas gerações de animais que passam a maior parte de seu tempo juntos.

A longevidade é a chave do sucesso reprodutivo

O sucesso reprodutivo está diretamente relacionado à longevidade. Machos chegam ao auge da reprodução entre 40 e 55 anos de idade e continuam sexualmente ativos aos 60 anos, tendo o mesmo número de filhotes de um macho de 40 anos de idade.

Machos precisam de tamanho, força e experiência para acasalar com sucesso. A cópula é bastante complicada para os machos, e montar a fêmea é uma atividade que requer experiência. Um macho deve aprender a técnica apropriada, para poder manipular um pênis comprido, curvo e móvel. O trato reprodutivo da fêmea também é longo e curvo, e um macho precisa primeiramente montar a fêmea e depois posicionar seu pênis corretamente enquanto a fêmea se mantém imóvel. Fêmeas preferem machos mais velhos e frequentemente recusam os mais jovens. Além disso, machos jovens têm pênis bem mais curtos, e o tamanho do pênis é provavelmente um impedimento a mais para que esses machos consigam fecundar as fêmeas com sucesso.

Adicionalmente, o posto ocupado por machos que não se encontram no cio é determinado por força e tamanho. Um macho de 15 anos pesa a metade de um macho de 40. Machos grandes frequentemente desbancam os jovens quando estão competindo por uma fêmea no cio. Se um macho jovem tem a sorte de montar uma fêmea, provavelmente ele será forçado a desmontar ou será empurrado! Machos no cio ocupam um posto superior a todos os que não estão e, por esta razão, conseguem um número maior de acasalamentos. Machos jovens precisam equilibrar a energia  para o seu crescimento com os recursos necessários para sustentar períodos de cio. Machos mais velhos têm a vantagem de não estarem crescendo tanto como os jovens e, portanto, podem direcionar mais energia em períodos de cio mais longos. Machos jovens são desbancados pelos mais velhos. Eles têm menos e menores períodos de cio, e tais períodos acontecem em épocas em que poucas fêmeas entram no cio.

Machos só começam a reproduzir regularmente aos 40 anos, idade em que 75% dos machos já morreram. A idade avançada está associada a corpos mais avantajados, maior massa corporal e experiência. Machos mais velhos no cio são pais de três quartos dos filhotes. A longevidade dá suporte tanto à manutenção da estratégia do cio quanto ao completo sucesso reprodutivo dos machos.

Machos que chegam a uma idade avançada ocupam um posto muito superior ao de outros e, quando no cio, geram muitos filhotes e passam seus genes para gerações futuras. Dionysus, por exemplo, foi um macho de Amboseli que morreu aos 63 anos de idade. Ele era incomum porque foi um dos poucos machos a escapar da matança epidêmica dos anos 1970, que abasteceu, na época, o mercado de marfim.  Ele foi um dos maiores machos e ocupou um alto posto na população dos elefantes de Amboseli por quase 30 anos. Quando Dionysus morreu, em 2003, estimou-se que 51 filhotes tinham sido gerados por ele.

Dionysus logo antes de morrer, em 2003, aos 63 anos (©ElephantVoices)

Bad Bull foi outro macho com alto sucesso reprodutivo, devido, em parte, à sua longevidade. Ele foi visto pela última vez no cio em 2002, aos 63 anos, e supõe-se que tenha gerado cerca de 62 filhotes. Aristotle teve menos sorte. Embora da mesma idade de Dionysus e Bad Bull, ele morreu mais cedo, aos 49 anos, e gerou 27 filhotes. A maioria dos machos não vive o suficiente para gerar um único filhote.

Saiba mais sobre a vida dos elefantes aqui.