segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Tragédia acaba com lua-de-mel na Tailândia


Não existe “ataque não provocado”, como diz o jornal Tailandês Phuket Gazette, quando estamos falando de elefantes em circos ou em outros tipos de entretenimento, ou em passeios (trekking tours e elephant-back safaris). Os elefantes são constantemente provocados - mantidos sob estrito controle por métodos abusivos - suportando condições de vida muito distantes de suas necessidades. Ninguém deveria ficar surpreso quando um animal selvagem nessa situação simplesmente dá um basta. Sentimos muito pelo casal - espera-se que outros aprendam com o incidente.



De Phuket Gazette, 23 de Setembro de 2011
Por Nicholas Altstadt

A lua-de-mel de um casal da Ucrânia transformou-se em tragédia quando um elefante se tornou agressivo durante um passeio em Phuket, na Tailândia, atacando a elefanta sobre a qual estavam passeando. Tetiana Meia, 26, sofreu diversas fraturas e ferimentos no corpo todo quando Captain, um elefante macho do camping Camp Chang Kalim, atacou a elefanta em que ela e o marido, Artem Perepelitsyn, 24, estavam. Artem sofreu uma perfuração e cortes profundos no tornozelo e pé esquerdos.



Captain (direita) supostamente foi protegonista de um ataque não provocado à elefanta 
dos ucranianos.  Em outro acidente no ano passado, Captain ficou violento,
mandando um turista sueco para o hospital com uma perna quebrada. 
Phuket Gazette)

Segundo relatou Arten, o passeio havia começado há cerca de cinco minutos quando olhou para trás e viu Captain, que levava nas costas dois turistas americanos e um tratador, vir correndo em sua direção. Ele atacou com suas presas por três vezes seguidas o lado direito da elefanta em que eles estavam, até que ela tombou para o lado esquerdo. Seu tratador conseguiu pular antes da queda da elefanta, mas o casal, que estava atado por tiras à cadeira, ficou preso. Arten acabou conseguindo se soltar, mas Tetiana foi arrastada pelo chão, aos gritos, junto com a elefanta enquanto Captain continuava a atacar, até que um funcionário do camping cortou as tiras com uma faca, permitindo que Arten puxasse Tetiana e a salvasse.

A dona do camping, que os visitava diariamente no hospital, se afastou quando o casal pediu uma compensação financeira e mostrou a ela uma matéria sobre um caso anterior, contradizendo sua versão de que tinha sido a primeira vez que ocorria um acidente desses no camping. O casal tinha apenas o suficiente para cobrir as despesas médicas e precisa de dinheiro para cobrir tratamentos futuros.

Perguntado se montaria um elefante novamente, Arten sorriu e disse "Nunca". 

Adaptação para o Português por Junia Machado

Para convencer um elefante a trabalhar - incluindo carregar turistas - um tratador precisa se certificar de que ele sempre siga suas instruções. Isso, por necessidade, significa quebrar a determinação própria do elefante. Para isso, filhotes são acorrentados, espancados, privados de convívio social. Essa é a horrível verdade. O ponto de vista da ElephantVoices é que o treino de elefantes para ganho comercial deveria ser proibido. Saiba mais sobre o uso de elefantes em safáris e passeios clicando aqui.


domingo, 18 de setembro de 2011

O Elefante planta Florestas


 Uma animação divertida sobre florestas e elefantes


O elefante é considerado uma espécie fundamental no ecossistema e sua participação na distribuição e na germinação de sementes é vital para diversas espécies de árvores. Atualmente, já sabemos como as florestas são importantes para a saúde do nosso planeta. Este desenho animado mostra, com uma dose de humor, a crucial participação dos elefantes nesse processo.


Produzido pela Fundação para a Reintrodução de Elefantes na Tailândia.



sábado, 10 de setembro de 2011

Elephant Partners – Protegendo os Elefantes do Mara

O Elephant Partners é uma iniciativa da ElephantVoices que trabalha para que os elefantes do Maasai Mara, suas famílias e seu habitat sejam protegidos e cuidados por indivíduos, famílias e comunidades humanas.



O ecossistema do Mara; Reserva Nacional de Maasai Mara,
unidades de conservação,

fazendas - nem todas mostradas/mencionadas no mapa.

O ecossistema Mara, sua vida selvagem, seus elefantes e a população humana estão ameaçados. Os elefantes são justamente o maior indicativo de que a conservação passa por uma crise, mesmo que a reversão dessa situação e o investimento nessa área sejam de interesse do Quênia. Como são espécies que normalmente habitam savanas (especialmente aquelas encontradas no Quênia), os elefantes são elementos-chave na garantia da biodiversidade dos ecossistemas em que estão inseridos, além de assegurarem o sustento de milhares de pessoas que sobrevivem do turismo. Com o Elephant Partners, todos os interessados podem participar da redução da caça ilegal e dos conflitos envolvendo elefantes, além de produzir e compartilhar conhecimento sobre esses animais.

Elefantes de Maasai Mara. (©ElephantVoices)

O objetivo do Elephant Partners é montar uma comunidade que compartilhe conhecimento sobre os elefantes do Mara e aplique essa sabedoria na proteção das espécies. A estratégia é conectar pessoas – guias, exploradores, guardas-florestais, pesquisadores, fotógrafos, turistas, cidadãos do Maasai Mara e outros interessados – com a vida dos elefantes. Desde junho de 2011, essa comunidade global tem crescido e providenciado fotografias e informações relevantes, ajudando o Elephant Partners na identificação e no registro de mais 600 elefantes adultos do Mara e permitindo o monitoramento do seu modo de vida.

Elefantes de Maasai Mara. (©ElephantVoices)

O Elephant Partners depende da participação de muitos indivíduos para formar, utilizar e disponibilizar conhecimento sobre os elefantes do Mara. O projeto pretende incluir programas voluntários, bolsas de estudo, treinamentos de guias e guardas-florestais, cursos e palestras. Além disso, o Elephant Partners já é colaborador de outras iniciativas que possuem o mesmo objetivo.



Meshack Sayialel, um excelente guia do camping ecológico Porini Lion Camp,
na Unidade de Conservação de Olare Orok, faz upload de observações de elefantes
no banco de dados de observação do Elephant Partners, usando using um smartphone simples. (©ElephantVoices)

O Elephant Partners terá um banco de dados on-line que permitirá a troca de informações com mapeamento digital: Mara Elephant Who’s Who (“Quem é Quem entre os Elefantes do Mara”), uma espécie de GPS capaz de procurar e identificar elefantes e ainda permitir que os navegantes incluam contribuições de suas próprias observações; Mara Elephant Spotting (“Localizando Elefantes do Mara”), no qual os participantes poderão compartilhar vídeos em tempo real (ou não) de suas próprias identificações, através de aplicativos de seus telefones celulares. Essas ferramentas virtuais estarão prontas e disponíveis para o público entre setembro e outubro de 2011.

Visite a página do Elephant Partners, nosso projeto de conservação em Maasai Mara, no Facebook.

Acesse nosso banco de dados de elefantes adultos de Maasai Mara.


Tradução de Tiago Esteves Carvalhaes e Ana Zinger, revisão de Teca Franco.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

A América do Sul precisa de elefantes, segundo ecologista

Dani Cooper, ABC Science

18 de março de 2009

No que parece vir de uma página de um livro de Michael Crichton, um ecologista australiano sugeriu a introdução de elefantes na América do Sul e a criação de parques de Pleistoceno pelo mundo.


(C) Junia Machado / ElephantVoices

O professor Chris Johnson, da Universidade Jam
es Cook, em Far North Queensland, diz que a reintrodução de grandes herbívoros nas Américas ajudaria a restaurar ecossistemas e salvar espécies nativas ameaçadas. Ele diz que a experiência também ajudaria a esclarecer se foram os homens ou as mudanças climáticas os responsáveis pela extinção da megafauna, como o mamute e os cangurus gigantes.

Em artigo publicado em 2009 na revista especializada em biologia The Proceedings of the Royal Society B, o ecologista examina como a extinção de herbívoros gigantes há 50.000 anos afetou ecossistemas. Johnson, da Universidade James Cook de Ciências Marinhas e Tropicais, diz que grandes mamíferos mantiveram a vegetação aberta e, em ambientes de floresta, criaram “mosaicos” de diferentes tipos de vegetação, com uma grande diversidade de espécies de plantas. Entretanto, em termos ecológicos, a extinção da megafauna criou, rapidamente, paisagens de vegetação densa e uniforme, ele diz.


Extinção causada pelo homem

Johnson diz que seu artigo dá peso ao argumento de que os seres humanos, ao invés das mudanças climáticas, foram os responsáveis pela extinção de mamíferos como o marsupial gigante australiano, Diprotodon optatum. “Qualquer mudança na vegetação que tenha coincidido com a extinção é talvez muito prontamente atribuída a mudanças de temperatura, precipitação pluviométrica ou CO2 atmosférico”, ele diz. “Este pensamento levou à conclusão de que a extinção da megafauna foi uma consequência da mudança na vegetação, como se criaturas poderosas como o mamute fossem vulneráveis e sujeitas a transformações no meio ambiente causadas por mudanças climáticas.” Johnson diz que “nós sabemos que animais grandes são muito resistentes”.

“Poderíamos nos perguntar quais mudanças ocorreriam na savana africana se retirássemos os elefantes.” Ele diz que, como o debate é conduzido por paleontólogos e arqueólogos, eles “não repensaram a interação entre animais e plantas”. Johnson aponta para estudos que mostram mudanças na vegetação após a extinção de gigantes comedores de plantas, e não antes, como seria de se esperar em um cenário de mudança climática. Ele aponta para estudos feitos em antigas cascas de ovos de Emus australianas que mostram que há 50.000 anos essas aves incapazes de voar tinham uma dieta ampla – uma mistura de gramas e arbustos de regiões áridas e subtropicais, árvores e gramas de climas temperados –, mas que há 45.000 anos a dieta da ave não mais incluía as gramas de regiões áridas e subtropicais. “Isto mostra que sua alimentação vinha de um ambiente amplo e diverso e que depois foi reduzido para uma paisagem mais uniforme”, ele diz. “Essa mudança não pode ser atribuída ao clima.”


Fósseis vivos da evolução

Johnson também aponta para “fósseis vivos da evolução” na paisagem australiana, tal como a Acacia peuce, árvore em risco de extinção encontrada em nichos isolados no Deserto de Simpson.

Ele diz que a planta tem características de proteção, incluindo uma folha espinhosa com sulcos, e que cresceu “na altura do nariz de um diprotodonte”. Hoje ela tem uma folha macia e doce. “Tipos de vegetação com ramos numa altura apropriada para que possam ser comidos por animais herbívoros (browse line) são fósseis vivos”, diz ele, que mostra que a Acacia peuce tinha um mecanismo de defesa contra a megafauna.

“Se você procurar por essas características nas acácias australianas (hoje), elas são bem raras, enquanto nas acácias africanas elas são encontradas em todos os lugares”, ele diz.
Johnson diz que há várias plantas que interagiram com a megafauna que ainda mantêm mecanismos de defesa obsoletos e métodos ineficazes de dispersão de sementes. Ele afirma que a reintrodução de grandes herbívoros em regiões onde estas plantas ainda existem pode salvá-las. Ele aponta para estudos do ecologista americano Daniel Janzen que mostram que populações de cavalos selvagens estão preenchendo o papel dos cavalos norte-americanos nativos extintos. “Agora existem algumas espécies de plantas nativas que dependem dos cavalos selvagens para a dispersão de sementes”, diz Johnson.
Ele diz que a reintrodução de elefantes na América do Sul teria um impacto similar na vegetação. “Eles iriam para um ecossistema que está só esperando por eles”, ele diz.

Parque do Pleistoceno?

Johnson também acredita que a criação de parques do Pleistoceno, onde os grandes mamíferos ou seus análogos mais próximos seriam introduzidos, é possível e essencial para a preservação da biodiversidade. “Para compreender comunidades de plantas vivas, nós precisamos reimaginá-las com seu complemento completo da megafauna do Pleistoceno”, diz ele. “Esta percepção deve também prover a fundação para a restauração ecológica, que deve mirar em restabelecer interações entre grandes herbívoros e vegetação onde isso ainda seja possível.”

Tradução de Ana Zinger, revisão de Teca Franco.



Clique aqui para assistir a uma divertida animação: "O Elefante Plantas Florestas" e saiba por que os elefantes são os jardineiros do nosso planeta.


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